Tradições orientais e seus sábios iluminados já se davam conta há milênios do aspecto ilusório da vida e seu passado. Por sua vez, nós, que fazemos parte da sociedade resultante de séculos de cultura ocidental, com sua racionalidade e avanço tecnológico, damos total importância a fatos passados, e por sua vez frequentemente nos remoemos com algumas de suas memórias traumáticas.
Costumo sempre deixar claro, quando escrevo a respeito, que não desconsidero o peso que certos incidentes possam ter influenciado nossas vidas, e muito menos que preocupar-se com traumas seja irrelevante. No entanto, sempre enfatizo que a nossa identificação com o problema, ou melhor, nossa interpretação do problema, é a maior culpada de nosso sofrimento. Muito mais do que o evento em si.
É duro aceitar esse ponto, pois dificilmente aceitamos estar errados. Nós gostamos de ter a razão e achar que nossa ideia é a certa. Porém, será que não podemos parar para pensar que a nossa ideia do passado ou de um trauma passado também não poderá estar sujeita a uma interpretação errada? Os orientais e suas filosofias já tinham razão em dizer que nossas percepções do mundo são tudo Maya, ou ilusão. Feliz o iluminado que pode perceber esse fato e agir livremente, tendo a memória passada como parte daquilo que não é, ou seja, como parte da ilusão.
Memórias passadas, filtradas pelo nosso condicionamento social, cultural, religioso e intelectual, criam o que chamamos de traumas. Frequentemente certos atos da infância podem ter criado reações negativas, e a consequência é nos fechar ao mundo, por proteção e defesa. E esse ato de se fechar faz com que escondamos o problema, que permanece dentro de nós até hoje. Aqueles atos passados continuam presentes em nosso inconsciente e todo momento que surgir uma oportunidade para se lembrar do passado, vamos nos comportar da mesma maneira. Ou seja, pra nos preservar, iremos nos fechar ao mundo. E assim continuamos traumatizados e bloqueados.
E se pudéssemos dar a mensagem ao inconsciente de que o fato ocorrido é coisa do passado e que agora podemos nos sentir seguros e levar nossa vida adiante? E se pudéssemos dar a mensagem de que a nossa lembrança do passado pode estar distorcida? Lógico que pode-se pensar que se está exigindo demais. Afinal, tal atitude é para os iluminados.
Mas a ideia é essa mesma: agir com iluminação! Se ficamos presos a lembranças do passado, que são distorcidas pela nossa memória, por que então não fazer algo para mudar essa lembrança?
Muitas vezes o que ocorre é que criamos ao longo dos anos uma memória conveniente ao nosso estado sofredor. Talvez queiramos ser vítimas e nos sentir assim. É a maneira de nos proteger de novos ataques. E assim ficaremos, sofrendo por anos por ter sido vítimas de um passado traumático. E a memória se fortalece com isso para provar que não estamos mentindo.
Por mais que possamos estar cientes desse fator da ilusão em distorcer nossas ideias, é-nos difícil aceitar o fato de que podemos mudar esse passado. Oras, se um fato traumático passado é apenas uma percepção que ficou gravada na memória, podemos por bem trocar essa memória. Não estaremos mentindo, mas trocando a referência, para termos novos parâmetros na vida a partir de então. Notem que estaremos mudando a ideia do passado, e não suprimindo os fatos que por ventura ocorreram.
Quando utilizamos a EFT, ou qualquer outra terapia no campo da psicologia energética, estamos dando impulsos ao inconsciente para quebrar a ligação que existe entre a memória e os maus sentimentos. Se estamos traumatizados com o passado, toda vez que certo evento da memória vem à tona, a reação é sofrimento e bloqueio. Com o uso da EFT, dá-se uma nova mensagem ao evento. No caso, de que desta vez você está seguro e de que o evento já passou. A EFT dá ao inconsciente uma mensagem de tranquilidade e segurança, e quando a aplicamos no momento que estamos focados na memória traumática, o que acontece é uma mudança na natureza da mensagem: o que antes era um desejo de se defender e se fechar contra um suposto perigo, agora é um sentimento de tranquilidade e confiança de que tudo está bem.
Dessa maneira podemos nos livrar das memórias traumáticas e todos os bloqueios que elas possam nos trazer. Isso pode causar uma enorme diferença em nossas vidas.
Não importa o peso dos eventos passados. Todos eles podem ser reavaliados e agora transformados em sentimentos de serenidade e segurança. Será que podemos aceitar facilmente esse fato? Parece fácil falar, mas nossa tendência é sermos incrédulos a entender que o passado é uma mera ilusão de fatos distorcidos e que podem ser reconstruídos.
Mas é verdade que essa lembrança dos traumas passados, seja ilusória ou não, causa enorme sofrimento em nós até o presente momento. Ficamos de uma maneira “calejados” devido aos traumas passados. Não importa o peso ou gravidade da memória. Todos esses tramas podem ser a causa de estarmos mais suscetíveis a doenças, vícios e dor em geral. Esse passado mal resolvido faz com que fiquemos em estado constante de estresse, seja físico ou emocional. O fato é que nossa memória, por mais distorcida pela ilusão que esteja, exige atenção de nossa parte, de maneira que vivemos em tensão a cada instante.
Ao nos abrirmos à possibilidade de “criar um novo passado”, estamos nos abrindo ao caminho da liberdade. Com técnicas como a EFT, que trabalham com os toques e energia, temos um método poderoso e efetivo de liberar velhos traumas e estresses crônicos. A EFT nos ajuda a reconstruir uma nova vibração em nosso ser, desta vez sadia e livre.
A técnica consiste em focar-se novamente em algum evento passado. Ao fazermos isso, imediatamente criamos as reações normais de defesa e choque, os sentimentos comuns relacionados ao trauma. No entanto, nesse momento aplicamos a EFT, que nada mais é do que um diálogo entre razão e emoção. Damos leves batidas em certos pontos energéticos do corpo que são sinais ao inconsciente de que estamos seguros e ao mesmo tempo damos sinais verbais ao consciente de que sentir-se acuado dessa maneira por caso de um evento passado não passa de uma ilusão.
O ser passa agora a relacionar o caso passado não mais com o trauma e o sentimento de defesa e estresse, mas sim com a ideia de paz e segurança que a terapia proporcionou. Dessa maneira, aquilo que nos trazia memórias tristes ou pesadas, agora nos traz acalanto e liberdade. Podemos assim nos abrir para uma outra realidade.