Como podemos desvendar o ser de luz que existe em nós? Lamentações, bloqueios, doenças e mal estar, apesar de muitas vezes presentes em nossa vida, não nos fazem parte. Existem porque nos identificamos com o irreal (maya) e nos deixamos levar pelo negativismo. E o que somos, então, se esse lado ruim da vida não existe? Talvez o exemplo que mais se aproxime da natureza de nosso ser é o diamante. Não existe nada mais valioso do que ele, apesar de, ao natural, parecer uma pedra bruta. Porém, ao lapidarmos essa pedra, ela vai se transformando, vai mostrando seu brilho e sua beleza. Debaixo de toda aquela aparente sujeira está a joia mais preciosa. Um fator importante para o diamante obter o seu mérito é o trabalho do lapidador, ou o mestre, o iluminado ou guia. É ele quem sabe valorizar aquela pedra bruta e, com sua habilidade e paciência, a transforma no raro brilhante. E pedra alguma teria brilho não fosse o reflexo do sol. O sol está para o diamante assim como Krishna está para o nosso ser. A combinação de uma pedra bem lapidada com a luz solar torna o diamante um objeto de valor e aprecio. A comunhão entre o ser e a luz divina de Krishna faz com que se possa brilhar todo o resplendor de uma vida plena de felicidade, conhecimento e energia. Se, em essência, somos o diamante, o lapidador é a nossa obra e nossa interação com o mundo. Seguindo a analogia, o sol e os seus raios iluminantes e enriquecedores são o próprio Krishna, em Suas inúmeras manifestações devocionais e expansões universais. Sem essa presença divina, não podemos brilhar em nossa magnitude. Se somos esse diamante que brilha em contato com o sol e que tem um valor inestimável, por que então nos deixamos levar por uma autoestima baixa e falta de propósito na vida? O fato é que à medida que vamos crescendo, vamos também criando escudos de defesa contra supostos ataques externos. Esse espírito defensivo nos bloqueia e nos encrudesce. Ele nos ilude e faz com que tomemos uma corda por uma cobra. A defesa faz parte de nosso instinto de preservação. Mais intensa que os outros instintos primitivos, como o comer, o dormir e o procriar-se, o sentimento de defesa está presente em todos os momentos de nossa vida. No primeiro sinal de um perigo, uma mensagem de alerta é transmitida imediatamente ao cérebro, deixando todo o sistema nervoso (e também por sua vez o físico) tenso e em prontidão de ir à guerra, ou fugir. Como na maioria das vezes que nos sentimos atacados não podemos guerrear e tampouco fugir, nossa tendência é criar um bloqueio traumático. E é dessa maneira que aos poucos começamos a ver o mundo e a nós mesmos como indignos do verdadeiro valor. Entramos em um círculo vicioso onde reina a lamúria e o estresse. É o estado de Tamas, ou escuridão, quando já não vemos mais o ego e o seu brilho divino. Ao contrário, vemos um ego falso, que brilha valores irreais. Daí é um pequeno passo para uma vida doentia, cheia de vícios e barreiras. Onde está o brilho daquele diamante inquebrável? No mínimo, ofuscado por uma vida de ilusão. Desde os primórdios da civilização o homem busca por caminhos iluminantes que rompam esse círculo de misérias. A senda espiritual, religião e psicologia inclusas, sempre tratou de incentivar a lapidação dessa pedra e o despertar para com o brilho do sol. Rituais, meditação, cultos, celebrações e yoga fazem parte dessa rica cultura voltada à recuperação do brilho desse diamante. Em todos os meus tantos anos de experiência em uma busca espiritual e a tentativa de um equilíbrio emocional, sempre pude ver a solução e ao mesmo tempo o perigo à sua espreita. A vida é tão delicada quanto o fio de uma navalha. Ao mesmo tempo em que sabemos em teoria como lapidar essa pedra preciosa, corremos o risco de nos machucar e perder o rumo. O caminho de Bhakti é o caminho seguro de se deixar lapidar e brilhar o verdadeiro valor. O requisito da Bhakti é saber entregar-se, não criar resistência e sentir-se seguro e confortável ao abrigo de Krishna. Bhakti é saber se relacionar com Krishna e apreciar a Sua prasadam, ou aquilo que vem a você. Bhakti é a entrega, e a entrega é o amor. Ao trilhar o caminho espiritual, fazemos uso de inúmeras ferramentas. Na minha própria senda, sempre atuei como conselheiro espiritual, tentando ajudar a todos enquanto que com isso eu também ia me ajudando. Usei sempre diversas dessas ferramentas, fossem elas discurso, orações, terapias e até brincadeiras. Mas nada tem me sido tão eficaz quanto o uso da EFT, a Técnica de Libertação Emocional. Apesar de pragmática, a técnica da EFT instiga o autoconhecimento. Ao mesmo tempo simples, ela é dinâmica, energética e instigadora. Pode ser usada para aliviar problemas em casos pontuais, como uma mera dor de cabeça, como para lapidar o mais duro de nossos egos. Ela é simples: o segredo está em se auto aceitar. Enquanto houver alguma resistência no quesito da auto aceitação, nada poderemos resolver dentro de nós. A regra básica é que, mesmo que possamos ter defeitos ou problemas, ainda assim nos amamos e nos aceitamos como somos. Essa auto aceitação é um ato de entrega à realidade, é o caminho de render-se a Deus como somos de fato, e não como o ego gostaria que fôssemos. Com um simples exercício aplicando a EFT podemos ver a natureza da ilusão, pois nossos problemas nada são do que identificações erradas entre nós e o mundo. Se partirmos do ponto de vista de que todos os atritos, problemas e doenças desse mundo têm sua raiz na falta da espiritualidade, podemos também concluir que para a nossa cura precisamos seguir o caminho inverso. O essencial é lapidar bem esse diamante e assim quando o mostrarmos ao sol, ele brilhará em todo o seu resplendor.   Eu desejo a todos muita saúde e paz e que possamos brilhar esse diamante cada vez mais e mais.
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